O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) busca expandir o número de cooperativas atendidas em sua linha de créditos. A instituição liberou R$ 37 bilhões em financiamentos para essas organizações em 2024, firmando um acordo de cooperação técnica nesta quinta-feira (10) para facilitar o acesso ao crédito.
O acordo foi assinado pelos líderes do BNDES e da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) em evento realizado na sede do banco, no Rio de Janeiro.
Cooperativismo em Números
Atualmente, existem 4,5 mil cooperativas no Brasil, número que cresceu 50% nos últimos 20 anos, a maioria atuando no setor agropecuário. Mercadante ressaltou que o cooperativismo é responsável por metade da produção de alimentos no país.
“Metade da produção de alimentos no Brasil hoje é feita pelo cooperativismo”, afirmou.
Segundo dados apresentados, há 23,5 milhões de trabalhadores cooperados, resultando em 550 mil empregos formais, com um faturamento de R$ 692 bilhões anuais.
Sistema Cooperativo
As cooperativas operam como empresas onde os trabalhadores são sócios e têm a responsabilidade pela gestão e fiscalização. Elas não visam lucro, e os resultados são divididos entre os cooperados. Um exemplo são as cooperativas de crédito, que oferecem empréstimos com juros menores comparados aos bancos privados.
“É um sistema que favorece a solidariedade e a eficiência”, explicou Mercadante.
Foco em Pequenas Cidades
Em 2024, 73% dos contratos de crédito do BNDES foram destinados ao sistema cooperativo, totalizando R$ 37 bilhões, sendo R$ 34,4 bilhões para pequenas e médias empresas. Mercadante comentou sobre a importância das cooperativas de crédito, especialmente em localidades que carecem de agências bancárias.
“Mais de mil cidades não têm agências bancárias, só cooperativa. Elas são essenciais para o acesso ao crédito”, disse.
O BNDES garantiu que mesmo em áreas sem presença do banco, as cooperativas contam com a supervisão do Banco Central (BC), assegurando a segurança do sistema.
Objetivos Futuros
O presidente do BNDES destacou o desejo de aumentar o número de cooperativas nas regiões Norte e Nordeste. “Nosso objetivo é fortalecer a presença do cooperativismo nessas áreas”, declarou.
“Elas [cooperativas] são muito fortes no Sul e no Sudeste, e nosso próximo passo é impulsioná-las no Norte e Nordeste”, completou.
O presidente da OCB também compartilhou a meta de atingir um faturamento de até R$ 1 trilhão para as cooperativas até 2027, com 30 milhões de brasileiros se tornando cooperados e gerando um milhão de empregos diretos.
Impactos Econômicos
No seminário realizado após a assinatura do acordo, foram apresentados dados sobre os efeitos positivos das cooperativas no desenvolvimento econômico do país. Estudo indica que cada mil habitantes em áreas com cooperativas de crédito geram 25,3 empregos formais e aumentam a massa salarial em R$ 115,50 por pessoa.
Além disso, a estrutura do cooperativismo ajudou a retirar 12,3 famílias da extrema pobreza por cada mil habitantes.
“As famílias misturam menos a dependência do Estado; conseguem superar a pobreza de maneira sustentável”, finalizou o pesquisador Alison Pablo de Oliveira.
O BNDES, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), tem como função fomentar setores estratégicos da economia através de crédito e investimentos diretos, com parte dos empréstimos subsidiados.