Nos últimos 12 anos, a quantidade de cidadãos brasileiros residentes em ruas com rampas de acessibilidade para cadeirantes cresceu significativamente. Segundo o Censo 2022, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número quadruplicou.
Em 2010, aproximadamente 6 milhões de pessoas moravam em áreas com rampas, representando 3,88% da população. Em 2022, esse total saltou para 26,5 milhões, ou seja, 15,2% da população censitada.
A pesquisa identificou características de 11,4 milhões de faces de quadra, abrangendo 63,1 milhões de domicílios e 174,2 milhões de moradores, correspondendo a 85,75% da população brasileira, estimada em 202,1 milhões.
Ainda que os dados do Censo de 2022 não tenham divulgado informações sobre pessoas com deficiência, estudo anterior do IBGE, a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad), indicou que, neste ano, cerca de 7,078 milhões de pessoas de 2 anos ou mais apresentavam dificuldades de locomoção, o que é equivalente a 3,4% desse universo.
Mas as rampas ainda não estão presentes em todos os espaços necessários. Menos da metade (47,2%) dos estabelecimentos de saúde e apenas 31,8% das instituições de ensino possuem rampas de acessibilidade.
Os dados mostram que Mato Grosso do Sul possui a maior proporção de cidadãos vivendo em ruas com rampas, totalizando 41,1%. Paraná (37,3%) e Distrito Federal (30,4%) seguem na lista. Por outro lado, os estados com menor percentual são Amazonas (5,6%), Pernambuco (6,2%), Maranhão (6,4%) e Pará (7%).
Nas localidades com mais de 100 mil habitantes, cinco cidades apresentam mais de 50% da população em vias com rampas, sendo três delas no Paraná:
Além disso, Barra Bonita (SC) lidera em proporção, com 90,9% de sua população vivendo em ruas com rampas.
O IBGE também destaca que 1.864 municípios — cerca de um terço do total — têm menos de 5% de moradores em ruas com rampas, e 157 municípios não têm moradores nessa condição.
O instituto analisou rampas projetadas especificamente para cadeirantes e travessias elevadas de pedestres, excluindo rampas de garagem. De acordo com orientações do IBGE, a legislação e campanhas sobre acessibilidade podem ter influenciado o aumento da presença dessas estruturas.
A Lei da Acessibilidade (Lei 10.098/2000) estabelece que o planejamento das vias públicas deve ser acessível a todos, incluindo pessoas com deficiência.