O Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) pode não receber mais pacientes a partir da próxima segunda-feira (13). Autoridades participaram de uma reunião nesta quinta-feira (9) no Ministério Público Estadual (MPE) em Uberlândia para buscar soluções para os problemas financeiros do hospital.
Promotores, secretário de saúde de Uberlândia, Conselho Municipal de Saúde, diretores do hospital e membros da Fundação de Assistência, Ensino e Pesquisa de Uberlândia (Faepu), participaram da discussão. De acordo com a diretoria do HC-UFU, a unidade só tem condições de atender os pacientes que já estão na unidade.
"O problema é que nós temos uma falta imensa de medicamentos e insumos do consumo do dia a dia, e essa falta não permite que demos ao doente a atenção que ele necessita", explicou o diretor geral do HC-UFU, Hélio Lopes da Silveira.
A Curadoria de Fundações do Ministério Público também vai recomendar para a Faepu uma redução de gastos com o pessoal, porque o atual percentual é considerado inaceitável. Além disso, o entendimento foi de que é preciso repensar a gestão e fazer um planejamento para o futuro, definindo quais serão as prioridades.
"Hoje os valores para fechar com os fornecedores e estabelecer um mês de rodízio normal é de R$ 3 milhões. Essa é uma ação imediata que postergará o problema por mais 30 dias. A ação resolutiva envolve uma atualização dos repasses", disse o assessor da diretoria, Luciano Martins da Silva.
Outra preocupação da diretoria da unidade é a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), prevista para este mês, o que aumentaria ainda mais o número de pacientes. O Ministério Público (MP) acompanha o caso.
"Vai fechar o hospital e estes pacientes deverão seguir para a iniciativa privada. Os hospitais privados de Uberlândia ficarão prejudicados porque terão que receber todos estes pacientes", ressaltou Cléber Eustáquio Neves, procurador da república.
O secretário de saúde de Uberlândia, Dário Passos, disse que não concorda com o fechamento do pronto atendimento e tentará reverter o quadro. O promotor responsável pela saúde, Lúcio Flávio de Faria, acredita que é possível reverter o caso e também garantiu que vai tentar todas as alternativas para evitar o fechamento.
"Designei uma audiência que envolve a vigilância sanitária em relação ao Hospital de Clínicas para que com esse documento haja condições do Estado liberar mais rapidamente uma verba que seria destinada ao hospital", finalizou o promotor.
Situação do HC-UFU
Os atendimentos no HC-UFU vêm sendo comprometidos há mais de um ano por causa de problemas financeiros. No dia 9 de janeiro de 2015 o HC suspendeu, por tempo indeterminado, as cirurgias eletivas (aquelas agendadas com antecedência). Na ocasião, foi informado que o hospital estava cheio, com 100% da capacidade atingida.
Em outros momentos as cirurgias já haviam sido suspensas no hospital que é referência para 86 municípios, e realiza cerca de 1.200 cirurgias mensais, sendo metade eletivas. Uma dessas paralisações ocorreu em abril de 2014 devido a uma greve dos funcionários da Fundação de Assistência Estudo e Pesquisa (Faepu) de Uberlândia, o motivo era reposição salarial. Antes disso, em dezembro de 2013, também por problemas financeiros, o HC-UFU cancelou mais de 100 cirurgias e as eletivas também foram suspensas.
A situação não se normalizou por completo e no ano de 2015 o hospital viveu o "fecha/reabre" atendimentos. No dia 21 de janeiro de 2016, o hospital informou que voltou a atender somente os pacientes em situações de urgência ou emergência. Segundo a unidade, a demora no repasse do Sistema Único de Saúde (SUS) piorou a situação financeira, dificultando ainda mais as negociações com os fornecedores de materiais e medicamentos para atendimento aos pacientes.
Em fevereiro de 2016,pacientes tiveram cirurgias oncológicas canceladas por falta de insumos no hospital. A falta de materiais básicos como: compressas, luvas, seringas, agulhas, gazes e outros insumos para atendimentos médicos, fizeram com que as cirurgias fossem adiadas. A direção informou que atende as demandas de acordo com as necessidades.
Em junho, o HC suspendeu as cirurgias de traumatologia e de alta complexidade, como as cardíacas e eletivas.
Fonte: G1