Condições climáticas e solo extremamente favoráveis à produção cafeeira de elevada qualidade tornaram a região de Campos Altos conhecida como uma das mais propícias ao cultivo do café, desde meados do século XX.
Aos poucos, a combinação dessas condições, inscreveu definitivamente a cidade entre as regiões produtoras de cafés de alta qualidade, certamente um dos melhores do país e talvez entre os melhores do mundo.
Informações sobre o potencial da cafeicultura na região se espalharam; produtores e trabalhadores rurais de outros lugares, especialmente do Oeste e Sul de Minas, vieram, respectivamente, investir e trabalhar em lavouras novas. Notabilizou-se, entre estes o Sr. Osvaldo Alves de Araújo, proveniente de Guaxupé, que conheceu a elevada qualidade e o potencial cafeeiro de Campos Altos, no trabalho de comprador de café da empresa norte americana Leão Israel.
Em 1.940 o Sr. Osvaldo Araújo adquiriu do Sr. Antônio Godinho de Abreu uma propriedade de 1.250 hectares, que já produzia café e em poucos anos tornou-se um dos pioneiros da cafeicultura empresarial na região. Ele foi um dos fundadores do partido político UDN, o primeiro Vice-Prefeito eleito de Campos Altos pelo mesmo partido e sobretudo um dos expoentes da cafeicultura brasileira.
Nas décadas de 1950 e 1960 o poderoso e influente “cafeicultor de Campos Altos”, auxiliou o financiamento de diversas campanhas eleitorais, recebeu na sede da fazenda renomadas personalidades, especialmente da política e obteve reconhecimento nacional por sua elevada capacidade empresarial. Sem praticamente quaisquer possibilidades de mecanização agrícola, ele conseguiu colher em diversas safras a impressionante marca de dez mil sacas de cafés beneficiados de elevada qualidade.
Pelo grande feito, o competente produtor rural de Campos Altos foi reconhecido como o maior produtor de café do Brasil, nos anos 50 e considerado, segundo a edição de dezembro de 1956 da revista Alterosa, o Brasileiro do Ano. Até o presente, seus terreiros e barracões de café são conservados pela família, bem como a magnífica casa dotada de cinco confortáveis apartamentos e sala de projeção de cinema, de onde comandava suas fazendas.
INSTITUTO BRASILEIRO DO CAFÉ - IBC
Dado à grande produção regional, já reputada em quantidade e qualidade, combinada à facilidade de escoamento gerado pela via férrea, na época o único meio eficaz de transporte, em 1959 o Governo Federal construiu e implantou na cidade uma unidade do Instituto Brasileiro do Café – IBC.
Além de incentivar a cafeicultura e armazenar até trezentas mil sacas da produção regional, o grande empreendimento passou a funcionar também como estoque regulador oficial do governo.
Para se ter uma ideia do potencial antevisto pelo IBC para a produção cafeeira na região de Campos Altos (Santa Rosa da Serra e Pratinha, também utilizam a capacidade armazenadora da cidade), após mais de 60 anos da construção, a mesma tem produzido anualmente pouco além de trezentas mil sacas.
Com o crescente aumento da produção, da produtividade e da área plantada a atividade cafeeira se tornou o carro-chefe da economia municipal. Ao lado da produção, nasceu e se consolidou um forte setor de comercialização de café.
Marcelo Macedo, Técnico Eletrônico, Bacharel em Direito, empresário e pesquisador.