Uma fazenda com sede na BR-050, em Uberaba, foi citada na Operação Lava Jato. A matemática Tânia Maria Silva Fontenelle denunciou que a Agrobilara Comércio e Participações Ltda, empresa ligada à família do ministro do Esporte do governo de Michel Temer (PMDB), Leonardo Picciani, vendeu gado superfaturado.
A Agrobilara é uma empresa agropecuárua com sede na cidade mineira e uma das principais fornecedoras de genética de gado nelore do Brasil. A reportagem da TV Integração esteve na fazenda nesta terça-feira (18), que funciona normalmente, e tentou fazer contato no local, mas ninguém foi encontrado.
A ex-funcionária da Carioca Engenharia, construtora investigada na Operação Lava Jato, disse em depoimento que a fazenda está envolvida no esquema de corrupção, pois a construtora em que trabalhava comprou gado superfaturado da empresa ligada à família do ministro do Esporte. Em nota um dos controladores da Agrobilara, Jorge Picciani, negou as acusações. Segundo ele, todas as transações podem ser comprovadas, assim como as entregas e transferências de propriedade, através do livro de registro da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). (Leia a íntegra abaixo).
A produção da TV Integração entrou em contato com a ABCZ, que informou que não vai falar sobre o assunto, assim como a Associação do Nelore do Brasil, mas esta justificou que não se pronunciaria pois se tratam de duas empresas privadas.
Denúncia
Tânia Maria Silva Fontenelle, que foi diretora financeira da construtora, afirmou que "recebia solicitações de acionistas e de diretores da empresa para providenciar dinheiro em espécie". Disse, ainda, que sabia que "a destinação dessas quantias era ilícita, para corrupção ou para doação eleitoral não-declarada".
No depoimento, ela explicou como a empresa conseguia dinheiro vivo para fazer pagamentos ilegais. A mulher afirmou que fechava contratos simulados com empresas. Disse ainda que, na maioria dos casos, os serviços eram realmente prestados, mas com valores superfaturados.
Uma das operações citadas por Tânia envolveu a Agrobilara Comércio e Participações Ltda, que tem como controladores o presidente da Assembleia do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, e os filhos Leonardo Picciani, que é ministro dos Esportes, e Rafael Picciani, deputado estadual e secretário de coordenação de Governo da Prefeitura do Rio. Os três são do PMDB.
A matemática afirmou ainda que foram "gerados recursos em espécie com a Agrobilara, por meio da compra, pelo grupo Carioca, de animais bovinos com preços superavaliados. Falou também que "as vacas foram entregues mas que parte do valor pago foi devolvida à Carioca".
Tânia não diz no depoimento para onde foi o dinheiro devolvido à empresa.
O outro lado
Veja a nota enviada por Jorge Picciani.
"Desconhecemos quem seja essa senhora, que – caso a informação dada ao jornal seja verídica – está praticando um crime ao mentir para as autoridades.
A família proprietária da Carioca é, como se sabe, antiga e conhecida criadora de gado Nelore. E a Agrobilara, como se sabe igualmente, uma das principais fornecedoras de genética de Nelore P.O. do Brasil.
Todas as vendas feitas seguiram rigorosamente os preços praticados no mercado, e eventualmente até abaixo dele, com notas fiscais emitidas mediante cobrança bancária e impostos devidamente recolhidos.
Todas as transações podem ser comprovadas, assim como as entregas e transferências de propriedade, através do livro de registro da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu).
A Agrobilara, por mim presidida, está à disposição das autoridades para comprovar a improcedência das afirmações desta senhora, que será por nós processada e instada a provar que teria havido superfaturamento e/ou devolução de recursos em espécie da nossa parte, caso as informações do jornal a propósito de possível acordo de leniência se confirmem".
Fonte: G1
O evento é aberto ao público e contará com apresentação musical.