O Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, se prepara para receber uma nova moradora. A elefanta Pupy, de 36 anos e de origem africana, esteve mantida no Ecoparque de Buenos Aires, na Argentina, desde 1993. O local funcionava como um zoológico e foi recentemente desativado. Agora, o grande animal está sendo transportado, via caminhão, para o santuário nacional, que serve de moradia para outros cinco elefantas.
Pupy começou seu deslocamento rumo ao Brasil na última segunda-feira, 14. Com a ajuda de um guindaste, ela foi colocada dentro de uma caixa posicionada sobre um caminhão, que se deslocará por, aproximadamente 2.690 km, da capital argentina até Chapada dos Guimarães. A chegada do animal está prevista para este final de semana. Depois de anos vivendo em zoológico, a elefanta poderá voltar a viver novamente em ambiente natural e de forma livre.
"Estamos animados para vê-la redescobrir o que significa ser um elefante novamente", disse Kat Blais, cofundadora e diretora de Bem-Estar do Santuário. O SEB, entidade especializada no manejo e cuidado de elefantes, conta com uma área de 51.000 m² - aproximadamente cinco hectares. As organizações Global Sanctuary for Elephants (GSE) e o Elephant Voices, também colaboraram na tarefa de trazer Pupy ao Brasil, algo que vem sendo planejado "há anos", segundo nota do SEB
O percurso da elefanta vem sendo atualizado nas redes sociais do Santuário de elefantes Brasil. Em uma das últimas postagens, Scott Blais, responsável pelo santuário, e presidente da GSE, uma organização sem fins lucrativos, informou que Pupy está se alimentando bem. "O que é um ótimo sinal de que está se sentindo confortável", disse. Em outra publicação, feita na tarde desta terça, 15, os viajantes disseram que ainda não tinham atravessado a fronteira.
O animal está sendo acompanhado por dois cuidadores e dois veterinários de Buenos Aires, além da equipe do próprio santuário brasileiro. Pupy não será sedada e será transportada, durante toda a viagem, em pé, que é a forma como os elefantes costumam ficar.
"Elefantes não deitam durante a viagem. Eles podem se apoiar na porta traseira e nas paredes laterais do contêiner para sustentar seu peso. Há uma câmera instalada dentro do contêiner para monitorar seu conforto durante toda a viagem", informa o SEB, em seu site.
Os cuidadores também estão colocando, à disposição da elefanta, água fresca e alimentos nutritivos, como frutas, vegetais e isotônico. Um kit de primeiros socorros e até óleos essenciais para o conforto do animal também estão sendo transportados para ajudar no cuidado do grande mamífero.
Conforme o santuário, Pupy não está sendo transportada de avião porque demandaria uma aeronave muito grande e o aeroporto mais perto do santuário não consegue acomodar uma aeronave do porte adequado para a missão. "Além disso, a decolagem e o pouso podem ser estressantes para o elefante. A viagem por terra, com escolta policial, é mais segura e tranquila", informou a entidade.
Nascimento na África do Sul
Pupy nasceu na década de 1980 no Parque Nacional Kruger, na África do Sul. Em 1993, quando estava com cerca de cinco anos, ela foi transportada para a Argentina, onde passou a viver no zoológico Templo Hindu dos elefantes, no centro de Buenos Aires.
O local passou a ser chamado de Ecoparque de Buenos Aires e, depois de 120 anos servindo de espaço para abrigar elefantes e outros animais em cativeiro, foi desativado para se transformar em um centro de conservação de vida selvagem nativa.
Desde 2016, o ecoparque tem realocado seus animais, como chimpanzés, orangotangos e ursos, em reservas e santuários. O objetivo é priorizar o bem-estar dos bichos, uma vez que poderão viver em locais adequados às suas necessidades, e focar na conservação das espécies nativas. Mais de 1.000 animais já foram realocados e Pupy é a 1.009° da lista.
Quando chegar ao Brasil, na Chapada dos Guimarães, Pupy ficará no galpão ao ar livre sozinha na primeira noite. "Tudo ocorre no ritmo do elefante, sem pressa ou expectativas.
Ela será a primeira elefanta africana no SEB. Hoje, o espaço possui outras cinco elefantas, mas todas originárias da Ásia - Maia, Rana, Guillermina, Bambi e Mara. Esta última viveu uma jornada semelhante a de Pupy, saindo do mesmo ecoparque da Argentina, onde estava desde 1995, e chegando ao Brasil em maio de 2020.
De acordo com o Santuário de elefantes Brasil, Pupy deverá ter, em breve, a companhia de Kenya, uma elefanta também da África, cuja licença para viver no Brasil ainda está sendo analisada. "Kenya, outra elefanta africana solitária, logo se juntará a ela, oferecendo a oportunidade de companheirismo que os elefantas tanto precisam", informou o SEB.
Até a chegada de Kenya, Pupy ficará sozinha e não deverá conviver nos mesmos espaços que as demais elefantas em um primeiro momento. Mas, no futuro, ela poderá ver e se comunicar com as demais companheiras se assim desejar, afirmou o santuário.