Futebol
17h20 19 Abril 2025
Atualizada em 19/04/2025 às 17h20

Corinthians bate receita recorde pelo 3º ano consecutivo, mas vê dívida chegar a R$ 2,5 bi

Por Leonardo Catto e Rodrigo Sampaio Fonte: Estadão Conteúdo

O Corinthians fechou 2024 com as contas no vermelho. O balanço financeiro do clube informa um déficit contábil de R$ 182 milhões no exercício. A principal causa é a evolução na dívida, que aumentou R$ 598 milhões e chegou a R$ 2,5 bilhões no primeiro ano da gestão de Augusto Melo.

Do débito total, R$ 191 milhões são "herdados" de períodos anteriores, segundo a direção. É o alto endividamento que faz com que o Corinthians apresente o déficit contábil, mesmo com receita recorde pelo terceiro ano consecutivo. Em 2024, o clube arrecadou R$ 1,1 bilhão.

O faturamento foi impulsionado por crescimentos de 13% na receita recorrente (patrocínio, bilheteria, fiel torcedor e licenciamento de marca) e 35% na venda de atletas. O balanço enfatiza também a importância da captação junto à Liga Forte União (LFU), que negocia os direitos de transmissão de partes dos clubes brasileiros. O Corinthians, que era da Libra, migrou de bloco na metade do ano passado.

A dívida de R$ 2,5 bilhões é dividida em duas: R$ 1,8 milhão do clube e R$ 668 milhões referentes apenas ao financiamento da Neo Química Arena junto à Caixa Econômica Federal. Ao fim de 2023, os dois débitos somavam R$ 1,9 bilhão (R$ 1,2 bilhão do Corinthians e R$ 704 milhões da arena).

A diferença de quase R$ 600 milhões, porém, cai para R$ 257 milhões se considerado um ajuste gerencial de R$ 191 milhões, previstos pela gestão. O argumento é de que administrações anteriores não contabilizaram esse valor, referente a impostos, juros e processos em que o Corinthians deve ser derrotado. Isso, porém, não muda a questão contábil.

Considerando o ajuste, o Corinthians tem um aumento de dívida menor. Dessa forma, a apresentação ajustada chega até mesmo a mostrar superávit de R$ 9,5 milhões em 2024, e não déficit.

Ainda gerencialmente, dos R$ 257 milhões acrescidos na dívida, R$ 107 milhões foram gastos no futebol, além de R$ 192 milhões em contas com agentes, bancos e fornecedores. Do ponto de vista contábil, o alto endividamento consome o fluxo de caixa do dia a dia com bloqueios judiciais e custo financeiro.

A diretoria do Corinthians destaca movimentações na tentativa de equalizar as contas. Entre elas estão a aprovação de plano coletivo na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), o que protege o clube de sanções desportivas; o Regime Centralizado de Execuções e negociações de dívidas junto à Fifa.

O balanço corintiano foi apresentado ao Conselho de Orientação (Cori). Os demonstrativos ainda serão avaliados também no Conselho Deliberativo. Se não houver aprovação, um novo processo de impeachment pode ser aberto contra o presidente Augusto Melo, que já enfrenta uma tentativa de destituição.

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